Biografia - Camille Chamoun


O ex-presidente do Líbano, Camille Chamoun, foi uma das figuras mais representativas do Mundo Árabe. De formação ocidental, em quase meio século de atividade política, apesar de cristão maronita, mostrou-se particularmente qualificado, pelo seu sentido de equilíbrio, para tentar harmonizar os dirigentes árabes do agitado Médio Oriente.

A 3 de abril de 1900, nasceu Camille Chamoun em Deir El Qamar (a uns 30km ao sul de Beirute). Depois de ter feito seus estudos secundários numa escola cristã da capital libanesa, cursou Direito na Universidade Jesuíta de São José de Beirute, formando-se em 1924.

A iniciação política de Camille Chamoun começou cedo: tinha 16 anos de idade quando acompanhou seu pai Nimer Chamoun que, por motivos políticos, se exilou em Anatólia, na Turquia; mas só a partir de 1934, quando foi eleito deputado à Assembléia libanesa, começou sua carreira política.

Desde 1920, o Líbano (que fora antes província otomana) era administrado pela França, que recebera da Sociedade das Nações. Durante a Segunda Guerra Mundial, em novembro de 1941, os libaneses proclamaram a independência, que só foi reconhecida pelos franceses poucos anos mais tarde. Chamoun teve grande importância na luta pela independência de seu país.

Reeleito deputado em 1937, Chamoun ocupou no ano seguinte a pasta da Fazenda, cargo que voltaria a ocupar no primeiro governo formado após a independência. Chamado em 1943 para o Ministério do Interior, Chamoun (falando fluentemente árabe, inglês e francês) foi, no ano seguinte, nomeado ministro plenipotenciário junto aos governos aliados, sediados em Londres. Em 1945, fez parte do Comitê Preparatório da Conferência da Unesco e, no ano seguinte, participou como delegado de seu país nas Assembléias Gerais das Nações Unidas realizadas em Londres e Nova York. Em 1947, dirigiu o Ministério das Finanças e, em 1948, foi nomeado representante do Líbano na Comissão Interina das Nações Unidas.

Membro do Partido Liberal Nacionalista, Camille Chamoun fora sucessivamente reeleito para o Parlamento e, na sessão de 23 de setembro de 1952, foi unanimemente eleito para exercer as altas funções de Presidente da República. Sendo o Líbano um país semicristão e semimuçulmano, está estabelecido que o chefe de Estado seja um cristão e o do governo um muçulmano. Defensor dos direitos dos árabes na questão da Palestina, representou o Líbano na ONU e desempenhou vários cargos de relevo em congressos internacionais.

Tendo praticamente trocado o neutralismo por uma política pró-ocidental, em 1958 explodiu uma rebelião no país e, para pacificá-la, Chamoun recorreu ao presidente Eisenhower solicitando o desembarque de tropas norte-americanas que só se retiraram do Líbano depois de formado novo governo.

Camille Chamoun foi o segundo presidente do Líbano e um dos mais respeitados Chefes de Estado da história do Oriente Médio. Depois de sobreviver a cinco atentados, faleceu em 1987, de problemas cardíacos, aos 87 anos.

Herdando o legado do pai, seu filho, Dany Chamoun, ingressou na política. Educado na Inglaterra, era uma das principais lideranças libanesas. Em 1990, aos 55 anos, Dany e sua família foram assassinados.

A partir desse trágico episódio, seu irmão Dory, filho de Chamoun, passou a ser o depositário das esperanças dos seguidores do Partido Nacional Liberal, sendo hoje um dos líderes da oposição ao atual governo libanês.

A convite da comunidade e das entidades líbano-brasileiras, Dory Chamoun visitou o Brasil em 1998. Esteve em São Paulo, Brasília, Rio de Janeiro e Belo Horizonte defendendo com êxito a soberania e independência do Líbano.

LODY BRAIS
Diretora do Departamento Cultural da
Sociedade Maronita de Beneficência


 

 

 


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