D.
Pedro II e o Líbano
Grande admirador
da cultura árabe, D. Pedro II (1825-1891) esteve duas
vezes no Oriente Médio: em 1871, visitou o Egito; em
1876, o Líbano, a Palestina e a Síria.
O imperador permaneceu no Líbano de 11 a 15 de novembro
de 1876, acompanhado de sua esposa, Dona Tereza Christina
Maria, e de uma comitiva de cerca de 200 pessoas. De Beirute,
onde se hospedou (no hotel Belle Vue), escreveu ao diplomata
francês Joseph Gobineau, que estava em Atenas: "A
partir de hoje, começa um mundo novo. O Líbano
ergue-se diante de mim com seus cimos nevados, seu aspecto
severo, como convém a essa sentinela da Terra Santa".
Nesse período, D. Pedro II visitou o Colégio
Protestante Sírio (fundado em 1866, tornou-se mais
tarde a Universidade Americana de Beirute), o Colégio
Francês dos Jesuítas (fundado em 1875, posteriormente
tornou-se a Universidade Americana de Beirute) e outras instituições.
Encontrou-se com diversos intelectuais vinculados às
ciências e às artes, entre os quais o gramático
Ibrahim al Yazigi, que lhe ofereceu vários livros em
árabe (as obras integram o acervo do Museu Imperial
de Petrópolis - RJ), e o professor Cornelius Van Dyck,
da Universidade Americana de Beirute. O imperador assistiu
a uma das aulas de Van Dyck próximo a Nemi Jafet, um
dos pioneiros da emigração libanesa.
Depois de visitar o patriarca da Igreja Maronita, Bulos Mass'ad,
em Bkerke, dirigiu-se à cidade de Chtaura numa carruagem
da "Sociedade Otomana da Estrada de Beirute a Damasco"
(fundada em 1861). Ao chegar à cordilheira do Monte
Líbano, escreveu em seu diário: "Felizmente
a chuva tinha cessado, clareando o tempo de modo a gozar da
vista magnífica da planície de Bekaa".
Após atravessar o vale de Chtaura e passar por Zahle
e outras cidades, chegou a Baalbeck em 14 de novembro e redigiu
em seu diário: "A entrada nas ruínas de
Baalbeck, à luz de fogaréus e lanternas, atravessando
por longa abóbada de grandes pedras, foi triunfal e
as colunas tomavam dimensões colossais".
No dia seguinte, visitou os templos de Baco, Júpiter
e Vênus. Anotou: "Saindo de Baalbeck, onde deixei
meu nome com a data na parede do fundo do pequeno templo [o
templo de Baco], está cheio de semelhantes inscrições,
lendo-se logo depois da entrada estas palavras - "Comme
le monde est bête!!! (...) A noite passada encheram-se
os cabeços dos montes de neve e que belo efeito produziram,
vistos do fundo do grande templo [o templo de Júpiter]
ou por entre as seis colunas".
Durante a viagem, falou aos camponeses sobre o Brasil, onde
já vivia um pequeno número de libaneses. A visita
incentivou o fluxo migratório.
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