"Beryt
Nutrix Legum", Beirute Mãe das Leis, assim
era denominada esta cidade que deu a luz às letras
jurídicas. Entre seus mestres, vamos encontrar
Ulpiano e Papiano.
A civilização
nasceu e tomou corpo no litoral do Líbano e,
dos seus cais, zarparam os nautas fenícios, levando
os seus princípios a todos os recantos do mundo
daquela época.
Em Biblos,
a cidade mais antiga do mundo, os fenícios fundaram
a primeira escola que a humanidade tem memória.
Nesta cidade, a indústria do livro prosperou
tanto que seus produtos, até nossos dias, levam
nomes derivados dela, assim como: Bíblia, biblioteca,
bibliografia, bibliogênese, etc.
As nações
contemporâneas aos fenícios faziam, de
sua sabedoria, um mistério. Os fenícios
ensinavam tudo o que sabiam para todos os povos e, quando
pegavam uma faísca dos outros, aperfeiçoavam-na,
transformavam-na em sol e faziam com que ela fosse conhecida
e aplicada por toda Humanidade.
Descobriram
a púrpura, os princípios da física
nuclear, o cimento, o cobre amarelo, a fabricação
do vidro transparente, a Estrela Polar, as ciências
médicas. Estabeleceram o relacionamento entre
os povos, eram o eixo mundial do comércio. Dobraram
o Cabo da Boa Esperança séculos antes
da Era Cristã e chegaram à América
dois mil anos antes de Colombo.
Instituíram
os princípios da navegação e desvendaram
todos os mistérios dos mares. Se hoje possuímos
as cartas de navegação, o estudo das constelações
celestes, a simetria, dados geográficos e muitos
outros feitos da vida marítima, agradecemos a
estes nautas audazes que foram os bandeirantes da civilização.
Não
uniram apenas as terras e os mares, mais que isso, universalizaram
a comunicação escrita, instituindo o alfabeto,
substituindo os milhões de imagens gráficas
regionais e locais, pelas fonéticas, os sinais
dos sons, representados por 22 letras, colocando esta
inovação ao alcance de todas as camadas
sociais e, por seus navegadores, semearam-no por onde
passavam e alçaram com o mundo para uma nova
era : a ERA DO ALFABETO.
Este
país que é o cofre do tesouro da memória
do homem, onde vamos achar em cada palmo de terra uma
história e, em cima de cada rochedo, um testemunho.
Este
povo, seis vezes milenar, que no decorrer de todos estes
séculos nunca agrediu uma outra nação
e nunca pegou em armas a não ser para defender-se
internamente das agressões.
Este
Líbano que inundou a alma humana com o aroma
da bondade na poesia imortal de Gibran Kalil Gibran.
Este
Líbano que deu tanto ao mundo, completa no dia
13 de abril deste ano, 18 catastróficos anos,
motivados pelos mais diferenciados interesses estranhos
ao Líbano e aos libaneses.
O Líbano
não pode ser esquecido, ele é patrimônio
cultural da humanidade. O povo libanês permanecerá
soberano enquanto existir consciência na face
da terra.
O Líbano
permanecerá Líbano porque o Criador o
fez para ser eterno.
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